terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O juízos sintéticos a priori na filosofia de Kant


Após ler algumas partes do livro "Prolegômenos a toda metafísica futura" compreendi alguns pontos importantes da filosofia de Kant que acho que valem apena ser escritos aqui a título de nota.
As fontes de toda metafísica como o próprio nome indica devem estar além de toda experiência e, portanto, devem ser oriundos da razão pura, ou em outras palavras, a priori. Um juízo metafísico para ter alguma validade deve ser necessário, absoluto. Conhecemos juízos desse tipo: os juízos analíticos, os quais se caracterizam pela ausência de produção de conhecimento. Tais juízos são apenas explicativos e não acrescentam conhecimento algum, Ex.: Os corpos são extensos. Nesse exemplo vemos que o predicado "extensos" já está presente no conceito de corpo, não nos informado nada além do que já estava posto no sujeito. Segue-se daí que todos os juízos analíticos derivam do princípio de contradição, pois não se pode afirmar o sujeito e negar o predicado. De modo que esses juízos analíticos não servem para fundamentar a metafísica, uma vez que ela precisa de juízos que, ao mesmo tempo, sejam necessários e acrescentem conhecimentos.

Hume falhou ao julgar que a "aparência" de necessidade que existem nas conexões de fato se devam ao hábito da experiência. Faltou-lhe pensar nos juízos sintéticos a priori. Um juízo sintético se caracteriza pela adição (síntese) de conhecimento que proporciona, entretanto a maioria deles são a posteriori. O que Kant precisa para fundamentar a ciência da metafísica são juízos sintéticos, porém, a priori. Seriam, portanto, aqueles que preencheriam os requisitos de necessidade/aprioridade e síntesi de conhecimento. Restou a Kant indagar sobre o princípio em que esses juízos se fundamentariam, posto que os analíticos se fundam no princípio da contradição. A resposta estava nas formas a priori da sensibilidade (tempo e espaço), elas assegurariam a possibilidade dos juízos sintéticos a priori, uma vez que a intuição (representação imediata) de tempo e espaço é anterior (a priori) a toda experiência sensível e a torna possível.

Os juízos sintéticos a priori têm como consequência uma das maiores revoluções do pensamento humano, a qual se compara com a revolução copernicana: os homens percebem o mundo de acordo com estruturas cognitivas predeterminadas. Nós não somos apenas espelhos que refletem a realidade, mas a vemos assim porque somos humanos, porque temos estruturas no pensamento que nos fazem perceber um mundo à maneira dos homens.

Um comentário:

  1. nessas andanças internéticas, foi uma das mais sucintas explicações desse tão controverso assunto que supoe-se ter culminado numa discussão acalorada entre dois russos nervosos e que resultou no assassinato de um deles. as outras explicações que encontrei foram na melhor das hipóteses, elegantemente evasivas. obrigado sr barbosa

    ResponderExcluir